domingo, 19 de junho de 2011

A Era MP3 e a Qualidade do Som

Você é viciado em música? É? Então deixe-me adivinhar..
Você é um daqueles jovens que acompanham os lançamentos de vídeo clipes no youtube e que baixam centenas de arquivos .mp3 para poder escutar em seus laptops, desktops ou celulares polifônicos? Se você faz isso, então tenho uma péssima notícia para lhe dar..
Ao optar por este tipo de arquivos criados para abastecer o mundo virtual você está adquirindo um tipo de música com qualidade inferior. Isso acontece porque a potência dos auto-falantes das caixas de som do seu computador é baixa e, para que você consiga escutar a música que toca ela precisa ter o volume aumentado.
Acredito que tu já tenhas passado pela sensação de aumentar o volume da sua caixa de som ao máximo e ainda assim o volume da música parecer baixo. Ao contrário do que se pensa, quando isso acontece é sinal de que a música que você escuta ainda não passou por altos níveis de compressão, ou seja, a qualidade do som é inversamente proporcional ao nível de compressão que, por sua vez, é diretamente proporcional à altura do som.
Isso não significa que obrigatoriamente para uma música ter alta qualidade seu som deva ser baixo. O que torna a sensação do som não ser tão alto quanto o original é a potência e a capacidade da caixa de som pela qual você está escutando o seu som. Por isso você pode sentir aquela diferença quando escuta uma canção de sua banda de rock favorita pelo computador, pelo home theater ou ainda num show ao vivo. A diferença entre as sonoridades é literalmente gritante.
O excesso de compressão deixa a música com um aspecto confuso e caótico. Ao manter a intensidade e a altura constante o som perde os altos e baixos emocionais que normalmente estão presentes em qualquer música. O refrão perde a força pois ele deixa de ser o clímax da música e não ganha mais tanto a atenção do ouvinte como na versão com menor compressão.
O cérebro humano é desenvolvido de maneira a prestar maior atenção à barulhos altos, assim, sons comprimidos pareciam inicialmente interessantes. Porém, esse método perde o seu efeito caso a compressão se mantenha constante. O que desperta o interesse na música e causa as sensações de atenção aos sons mais altos são as variações no timbre, no ritmo, no tom e na altura. Se você mantém algo constante o desinteresse começa a aparecer, o cérebro vai começando a apresentar sinais de cansaço, o som se torna monótono. Alguns ouvintes não percebem isso conscientemente, mas essa sensação pode ser facilmente representada pela necessidade de pular rapidamente para a próxima música. Já esteve com alguém ou você mesmo já notou em si uma certa impaciência em escutar um álbum inteiro de algum artista ou uma série sucessiva de canções em uma rádio e ficou mudando as faixas para as seguintes?
Ao optar por uma escala dinâmica ampla cria-se uma sensação de espaço e o ouvinte consegue perceber a audição dos instrumentos individualmente.
Para criar um arquivo em MP3, o computador copia a música do CD e a comprime em um arquivo menor, excluindo todas as informações musicais que o ouvido humano tem menor probabilidade de perceber. Muita informação eliminada está nos extremos do espectro, por isso o MP3 parece não ter nuances. Os sons nesse formato não reproduzem bem a reverberação e a falta de detalhes torna o som quebrado, sem sons graves suficientes, fazendo o som perder a força inicial.
Por esse motivo, alguns produtores mudaram sua maneira de produzir música. A preocupação vai além da questão da qualidade da música desenvolvida e começa a abranger também a questão de como a música vai ser ouvida e, indiscutivelmente, estamos vivendo na era dos sons MP3. Assim, os produtores começaram a alterar a maneira de produzir as suas mixagens, compensando as limitações desses formatos virtuais.
Como a tecnologia alterou a forma como os sons são gravados ela também encorajou uma perfeição artificial na própria música. Fitas analógicas foram substituídas na maioria dos estúdios pelo Pro Tools. Edições que antes exigiam emendas nas fitas agora são facilmente realizadas com o clique de um mouse. Programas como o Ato Tune podem melhorar a afinação de qualquer cantor ao passo que o Beat Detective faz o mesmo por qualquer baterista, fazendo com que qualquer pessoa "normal" pareça um profissional da mais alta classe.
O problema maior dessa nova geração de sons altamente comprimidos é o fim da era dos audiófilos. As tentativas de lançar no mercado cds de alta qualidade como DVD-Audio e o SACD foram fracassos comerciais. Ao que parece os ouvintes de hoje em dia estão acostumados à música comprimida e 'metálica'. Infelizmente, a batalha da qualidade vem sendo perdida diariamente.

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